segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Saga da imigração canadense


ACABOU!!!
ACABOU!!!!!
SOMOS RESIDENTES CANADENSES!!

/Galvão Bueno, 1994

Este é o exato sentimento.
Vou compartilhar a nossa história *detalhadamente* já que futuros imigrantes devoram blogs como este. Também vai servir pra quando eu estiver com preguiça de explicar tudo que aconteceu nesses 3 anos. Vou adicionar um pouco de drama na narração pra ter graça =D

Prólogo
Eu meio que nasci já querendo sair do Brasil. Encontrei alguém igual a mim. Profit. Muitos planos, nada concreto. Até que um anjo uma amiga, Taís, nos mostra uma propaganda no jornal de uma empresa que dá assessoria para imigração pro Canadá via Quebec, a Dex Consulting. Curso de francês, preparação dos documentos nas diversas etapas, etc. Havíamos mudado da roça para Porto Alegre em 2006 e voilà, estávamos na cidade certa.
A Taís poderia não ter visto a propaganda. Ela poderia não ter julgado importante o suficiente. Se não fosse tão conhecido por nossos amigos a nossa vontade de ir embora, ela provavelmente não teria nos dito nada. Mas essa pequena ação demarcou o fim da etapa de ficar somente no sonho, e espero que ela saiba disso =)

1. Processo Provincial
Pra ser elegível pra fazer a entrevista (em francês) da parte provincial, na época, era necessário comprovar 200 horas de francês. Começamos as aulas em 08/2009.
Em 11/08/2010 fomos aconselhados a enviar o dossie para o Escritório de Imigração do Quebec (BIQ) em São Paulo, pois o tempo para chamarem para entrevista havia aumentado e até lá nosso francês seria suficiente pra passar na entrevista.
Deu certo? Claro que não.
No dia seguinte, 12/08/2010, nos retornaram marcando entrevista para 03/11/2010. Pânico. Muito cedo. Le désespoir. Nos ofereceram um módulo mais intensivo de francês. Pegamos como se não houvesse amanhã, ou, por um amanhã que chegaria muito cedo.

1.1 A entrevista
Passamos a semana inteira em SP pra ficar com os miguxos. Fomos treinados exaustivamente pra responder as perguntinhas cliché.
Deu certo? Claro que não.
Chegou na hora, o francês tava legalzinho, até que a tia resolve trocar para inglês. Como assim? Eu só sei francês, tia! Bem, eu era fluente em inglês até 2 segundos antes disso acontecer. Pânico. Respondi num idioma que só existia na minha cabeça. Une fatalité.
Passamos? Claro que não.
Bem, não imediatamente. Em algum momento eles voltaram atrás e, em 19/11/2010, recebemos o Certificado de Seleção do Quebec em casa. (!!!!)
Fim da parte provincial.

2. Processo Federal
Fomos informados que o consulado havia recrutado muitas pessoas para agilizar a análise da parte federal e que se enviassemos imediatamente após passar na entrevista, seríamos chamados até o início do ano. Como não teríamos dinheiro suficiente tão cedo, e como somos naturalmente enrolados, acabamos enviando nosso dossiê apenas em 22/03/2011.
Era verdade? Claro que não. E como não.
Que baita mentira isso se revelou. Ter enviado a papelada 4 meses depois da entrevista se tornou nosso grande arrependimento. Quem enviou ainda no final de 2010 já está no Canadá há muito tempo. Quem não enviou, entrou num limbo sem fim. No nosso caso, 20 meses de espera.
E 20 meses ouvindo de todo mundo mas e o Canadá, não foi ainda??não ajudou também.

2.1 A espera nos EUA
Não aguentávamos mais a nossa situação. Em 04/2012, o status que tínhamos do consulado era que em um mês receberíamos a continuação do processo federal, ou seja, o pedido de exames médicos.
Fizemos nossas indispensáveis planilhas no Google Docs Drive, vimos que tínhamos como “fazer uma escala” nos EUA, e fomos de mala e cuia. Nota: nosso conceito de mala e cuia foi uma mochila cada um. Queríamos tudo novo. Não queríamos olhar pra trás.
Planejamos uma viagem de um mês: Flórida, Houston, Las Vegas, Grand Canyon, California, e, por fim, Seattle na casa de amigos até que o pedido chegasse.
Tivemos retorno em um mês? Claro que não.
Tanto que lhes escrevo agora de Seattle....

2.2 Os exames médicos
Em 11/10/2012 tivemos a liberação para fazê-los. Aqui em Seattle custou U$ 980.00 quando no Brasil teria custado cerca de R$ 400,00 fora de plano. Ninguém se importou. Nessa altura do campeonato, eu considerei estar comprando meu direito de ir. E aconteceu que realmente compramos um bom serviço. O consultório enviou nossos exames para Ottawa mesmo sem ter a autorização original em papel, que ficou no Brasil.
Deu certo? Finalmente sim.

2.3 O envio dos passaportes
Em 06/11/2012 recebemos um email solicitando o envio dos passaportes e o pagamento da taxa final. Chegamos na UPS e falei: “tio, me vê o modo mais rápido e seguro de enviar minha vida pro Brasil”. Nada que U$ 100.00 não resolvesse.
Deu certo? Sim!
Chegaram em 3 dias e conseguimos não ser deportados por estar fora do Brasil sem nenhuma identificação válida. Momento de fortes emoções.

2.4 O retorno dos passaportes
Em 26/11/2012, recebemos um email solicitando a retirada dos passaportes, agora com o status de residente canadense estampado neles. Outro anjo amigo de SP, o Felipe, fez as honras e foi buscar.
Deu certo? Quase que não.
Eles só entregam passaportes entre 3pm e 4pm, o que tornou a primeira tentativa inválida. Não teve choro. No dia seguinte, ele foi informado que nossos papéis não estavam prontos. Merde. Não tivesse sido a chatice o papo do Felipe, insistindo que recebemos o tal email de notificação e insistindo pra falar com mil pessoas, eles não teriam decidido finalizar nossa papelada ali na frente dele. Ufa. Os passaportes chegaram hoje, 03/12/2012, pela Fedex.


3. A ida para Montreal
Adiar ainda mais o envio dos passaportes teria sido um grande problema. A partir de 7 de dezembro, sexta agora, vamos fazer a segunda parte da road trip, que vai culminar com a ida para Montreal em definitivo em 01/01/2013. Nosso visto de turista americano (já estendido uma vez) termina no dia seguinte! Bateu na trave! Não havia mais espaço pra eventualidades.
Vamos conhecer a California, finalmente. Depois, Philadelphia e NY em boa companhia. Nosso landing não será bem um landing, visto que vamos de trem de NY pra Montreal!
Será que dará certo? To be continued...

4. Agradecimentos
Eu acho que envolvemos 90% das pessoas da nossa vida nesses 3 anos de processo.
Família correndo atrás de documentação, amigos ouvindo infindáveis reclamações e também cada pequena alteração de status. A gente não é do tipo que consegue esconder uma coisa desse tamanho (embora teria ajudado com os “e aí, não foi ainda??”). Ok, não conseguimos esconder nada, na verdade.
Amigos de SP oferecendo casa, encontros, serviços de choffer e motoboy. Amigos do resto do Brasil oferecendo um ouvido. Amigos que foram e ainda irão junto nas aventuras pelos EUA.

O que a gente mais quer, desse momento em diante, é que estas pessoas guardem cada centavo extra para nos visitarem na maior frequência possível. =D

À bientôt!